Rinites, sinusites e faringites não são a mesma coisa, mas podem estar relacionadas
Qual a diferença entre rinite e sinusite?
É muito comum a confusão entre rinite e sinusite. Na verdade poucas pessoas sabem a diferença entre essas duas "ites" e por isso costumam dizer que sofrem de ambas, por via das dúvidas.
Rinite é um nome genérico para a inflamação da mucosa das fossas nasais, ou seja, para uma inflamação da mucosa do nariz. Essa inflamação pode ter várias causas (infecciosa, alérgica, etc) ou durar mais ou menos tempo (dizemos que a rinite é aguda quando começou há pouco tempo e crônica quando já dura muito tempo, por exemplo, mais de 3 semanas). Um simples resfriado não deixa de ser uma rinite, do tipo infeccioso, causada por um vírus. Mas normalmente quando as pessoas falam em rinite estão se referindo a queixas mais duradouras (ou pelo menos recorrentes) causadas, por exemplo, pela rinite alérgica.
Os sintomas mais frequentes da rinite são a coriza (secreção clara que escorre do nariz), os espirros, a coceira no nariz e o nariz entupido.
Já a sinusite é uma inflamação da mucosa que reveste os seios da face (também chamados de cavidades paranasais). Os seios da face são espécies de câmaras de ar que ficam ao redor do nariz, revestidas internamente por uma mucosa muito parecida com a do próprio nariz. Essa mucosa que reveste internamente os seios da face produz muco, exatamente como a mucosa do nariz. Esse muco drena para dentro do nariz por pequenos orifícios que comunicam os seios da face com as fossas nasais. Se por acaso esses orifícios ficam obstruídos (seja por secreção, pelo inchaço da própria mucosa ou por outra causa), o seio da face pode tornar-se uma cavidade sem comunicação com o nariz, totalmente selada, também sem aeração. Assim como acontece com as paredes de um quarto quando o deixamos totalmente trancado (sem ventilação) por muito tempo, a mucosa que reveste os seios da face vai ficando doente, inflamada. O muco que ela produz também não tem para onde ir e acaba acumulando no seio da face e facilitando a proliferação de bactérias. Está formada a sinusite.
Embora conceitualmente possa se alegar que em qualquer resfriado exista um acometimento (em maior ou menor grau) não só do nariz como também da mucosa dos seios da face (a chamada rinossinusite viral), na prática (e para simplificar) quando falamos de sinusite estamos falando de uma infecção bacteriana, que necessitará de tratamento com antibióticos, ao passo que a rinite é em sua maioria viral ou de cunho alérgico e necessitará de outros tipos de tratamento. Não podemos nos esquecer, no entanto, que é muito comum uma rinite facilitar o surgimento de uma sinusite, como já explicamos.
Então como diferenciar? Em primeiro lugar pelo tempo dos sintomas. Assim como se você deixar seu quarto trancado por apenas alguns dias nada acontece (as paredes não criam mofo), uma obstrução dos óstios de drenagem dos seios da face por poucos dias também não garante uma sinusite. Um resfriado, por exemplo, dura cerca de 7 a 10 dias. Nesse período, por mais que haja grande congestão nasal, a tendência é o resfriado passar sem o desenvolvimento de infecção bacteriana dos seios da face. Algumas vezes, no entanto, o confinamento e o acúmulo de muco nos seios da face são suficientes para a proliferação de bactérias; e surge a sinusite. Nesses casos, os sintomas se prolongam por um período maior. Um resfriado que não melhora ou desaparece em pouco mais de uma semana é provavelmente uma sinusite que se formou.
Em segundo lugar pelos sintomas propriamente ditos. São sintomas sugestivos de sinusite: dor facial mais intensa, principalmente à movimentação da cabeça (por vezes dor nos dentes de cima), lateralização ou assimetria dos sintomas (a congestão fica mais intensa de um dos lados e assim permanece por vários dias, a secreção nasal passa a ser mais de um lado), mudança na cor e na consistência da secreção (passa de branca para verde e torna-se mais espessa), surgimento ou ressurgimento de febre, dor nos ouvidos ou forte sensação de ouvidos tapados, tosse seca ou mesmo com catarro.
Quando ocorre sinusite é muito comum observarmos o chamado "quadro bifásico", isto é, o paciente sente-se mal por conta da gripe ou resfriado, depois começa a melhorar e então piora de novo, agora com dores no rosto e secreção nasal purulenta. Este é um quadro típico de uma rinite viral que evoluiu para sinusite.
Ao examinar o paciente, o otorrinolaringologista também encontra algumas pistas que diferenciam uma rinite de uma sinusite. A presença de edema (inchaço) e secreção purulenta na região de drenagem dos seios da face é fortemente sugestiva de sinusite.
Nesses casos o tratamento envolve quase sempre um curso de antibiótico.
Rinite | Sinusite |
Causada por um vírus (resfriado, gripe); de cunho alérgico (rinite alérgica) ou outras causas. |
Na grande maioria das vezes é uma infecção bacteriana. |
No caso da rinite alérgica, os
sintomas principais são a
obstrução nasal, coriza
(secreção clara, aquosa),
espirros e coceira no nariz. |
Na sinusite (aguda) temos fortes dores no rosto, principalmente à movimentação da cabeça, secreção purulenta, por vezes febre, tosse. |
Sintomas iguais nas duas fossas nasais (a alternância de sintomas entre os lados é esperada, mas ocorre várias vezes ao longo de um dia). |
Sintomas permanecem mais intensos em um lado por vários dias (secreção nasal, obstrução nasal, dor facial). |
No caso do resfriado, sintomas duram de 7 a 10 dias. |
Sintomas se prolongam por várias semanas. |
Trata-se com medicações anti-alérgicas (no caso da rinite alérgica), descongestionantes, analgésicos e repouso (no caso da gripe ou resfriado). |
Necessita de antibiótico. |
Não tem que fazer um Raio X dos seios da face para confirmar que é sinusite?
Não. A radiografia de seios da face (diferente da tomografia) não acrescenta muito porque pode vir alterada, inclusive com acometimento dos seios da face, tanto no resfriado comum quanto na sinusite. É muito mais importante a história que o paciente conta e o exame do otorrinolaringologista do que a radiografia. Em especial nas sinusites agudas (com menos de 3 semanas de duração).
Esse exame é muito pedido em emergências em primeiro lugar porque em muitas emergências não há otorrinolaringologista disponível e, em segundo lugar, digamos a verdade, porque convém às Emergências de hospitais privados o pedido de radiografia para aumentar o faturamento.
O que é sinusite crônica ?
Alguns pacientes, seja por conta de um desvio de septo, seja por conta de uma rinite alérgica, estão constantemente com o nariz entupido e têm continuamente uma dificuldade de drenagem dos seios da face. Essa falta de ventilação dos seios da face ao longo de muito tempo vai causando alterações na mucosa dos seios da face, que se torna mais espessa, acumulando uma secreção também mais densa. Essas modificações são o que chamamos de sinusite crônica.
O melhor exame para detectar a sinusite crônica é a tomografia de seios paranasais .
Quem tem sinusite crônica tem que operar ?
Nem sempre. Veja mais aqui.
O que é faringite ?
É a inflamação da mucosa da faringe, que é o espaço que fica atrás da cavidade oral, onde estão as amígdalas e a base da língua. É também por onde a comida passa ao engolirmos.
A amigdalite não deixa de ser um tipo de faringite, mas normalmente quando falamos de faringite estamos nos referindo a uma inflamação da mucosa da faringe e não das amígdalas especificamente.
A faringite pode ser viral, bacteriana (mais raramente) ou alérgica. Muitas vezes o que causa o desconforto na faringe é o fato do nariz estar entupido, o que leva a pessoa a respirar pela boca (principalmente à noite) e com isso ressecar a mucosa da faringe, que passa a arder e incomodar.
Outras pessoas têm propensão a faringites, muitas vezes por apresentarem algumas ilhas de tecido linfoide (semelhante ao tecido que forma as amígdalas) na parede posterior da faringe. Esses grânulos linfoides inflamam com frequência causando a chamada faringite granulosa. Muitas vezes a cauterização química ou a LASER desses grânulos pode reduzir significativamente os sintomas.
Área Da Criança
Problemas otorrinolaringológicos são mais comuns na infância: